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Revolução Haitiana 

       A Revolução Haitiana foi um conjunto de acontecimentos que compõem o processo de independência da colônia francesa de Saint-Domingue e a abolição da escravidão no seu território.

    Antes dos eventos da Revolução Francesa, aconteceu em Saint-Domingue um grande número de revoltas organizadas por pessoas escravizadas. A mais significativa, ocorrida em 1757, foi a comandada pelo líder maroon* Makandal - que se tornou  uma das mais importantes inspirações para as grandes revoluções negras que vieram depois na América.

    A colônia acompanhou os movimentos políticos e as transformações causadas pela Revolução Francesa. O principal interesse pairava sobre o que decidiria a Assembleia Nacional francesa sobre a questão da igualdade de direitos - um dos pilares da revolução - com relação às colônias.

         Em Saint-Domingue a cor da pele era o motivo de tensões e conflitos sociais constantes:

Para os brancos, os mulatos não tinham direitos porque não eram brancos. Os mulatos acreditavam que tinham direitos porque tinham riquezas - às vezes, mais que os brancos. E para ambos os grupos, os negros não eram, sequer, gente. Assim, era inevitável o choque entre a realidade da colônia e as incertezas da metrópole. (CAETANO, 2019, p.17)

       

          Em 1791, uma série de rebeliões colocadas em prática pelos grupos escravizados se espalhou pela colônia. No início,  a reivindicação era por melhores condições de trabalho:  fim das punições por chicotadas, mais dias livres na semana e libertação daqueles que se escondiam nas marronages, por exemplo. Conforme mais lutas armadas explodiam, maior e mais violenta era repressão dos senhores coloniais. Como resposta, os rebeldes colocavam fogo nas plantações destruíam totalmente as fazendas.

           De 1792 a 1801 tem-se um período de contínuos conflitos cada vez mais violentos, em todo o território da colônia. Os grupos negros ganharam a maioria das batalhas e expulsaram franceses, ingleses e todas as tropas enviadas para combatê-los. É nesse período que Toussaint L'Ouverture ganhou destaque e força. 

           A Revolução Haitiana não tem apenas um protagonista. Outros líderes negros também se destacaram: Dessalines, Biassou, Christophe e Pétion - todos ex-escravizados que venceram lutas importantíssimas contra a opressão colonial. A Revolução do Haiti é a soma de 

 

milhares de negros, escravizados e livres, que viviam nas fazendas e nos marronages; aqueles que pegavam em armas e lutavam nas batalhas e aqueles que cuidavam dos feridos, dos idosos e das crianças; os que sabiam ler e escrever e os que só sabiam o seu idioma de origem, mas tinham em comum a força da crença e da origem. (CAETANO, 2019, p.22)

   Em 1804, os negros revolucionários venceram os colonizadores (França). Aboliram a escravidão, declararam a independência da ilha, proclamaram a única Constituição a usar o termo "povo negro" para se autodefinirem e renomearam a ilha de Haiti - o nome pelo qual os povos indígenas que viviam lá, quando os europeus chegaram em 1492, chamavam aquele lugar.

 

  >> A Revolução Haitiana é a expressão máxima da ruptura contra a opressão e a violência do sistema colonial. 

Maroon: era o grupo formado por negros livres ou escravizados fugidos que formavam quilombos (marronages) nas montanhas da ilha.

Referências:

CAETANO, Glênia. O Haiti e a Historiografia: apagamentos que reescrevem a História. Trabalho de Conclusão de Curso (História Bacharelado), FURG, Rio Grande, 2019, 49 ps. Disponível em: https://www.academia.edu/43546372/O_HAITI_E_A_HISTORIOGRAFIA_APAGAMENTOS_QUE_REESCREVEM_A_HIST%C3%93RIA

FICK, Carolyn. The Making of Haiti: the Saint Domingue Revolution from below. USA: The University of Tennessee Press, 1990.

JAMES, C. L. R. Os jacobinos negros: Toussaint L’Ouverture e a revolução de São Domingos. 1.ed. rev. São Paulo: Boitempo, 2010.

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